sexta-feira, 11 de junho de 2010

6ª CARTA ABERTA DE SANTA RITA DE CÁSSIA

                                     "Não tenhas inveja dos maus nem queiras a sua companhia, pois seu coração planeja a violência, e seus lábios só falam maldade". Provérbios 24,1

Apresentamos a nossa 6ª Carta de Santa Rita de Cássia, aproveitando-se desta seqüencia de momentos que a Igreja nos oferece para a nossa reflexão e tomada de posição: Campanha da Fraternidade, Novenário de Santa Rita, Pentecostes, Santíssima Trindade, Corpus Christi, e neste dia do lançamento de nossa sexta carta, festa do Sagrado Coração de Jesus. Utilizando-se das palavras de Dom Aloísio Sinésio Bohn que nos diz que a procissão é um ato comunitário. É a comunidade de fé que se põe a caminho, para louvar, bendizer e adorar a Cristo na Eucaristia. Não é uma caminhada de luto, silenciosa, mas um povo a caminho, exultante, que derrama seu coração em público. É também ocasião para súplicas e pedidos de perdão, pois somos um povo frágil e carente.

A Eucaristia é grande ação de graças. E a procissão, além de prolongamento da ação de graças, é também compromisso de transformação do mundo, segundo o Evangelho de Cristo.

Ainda saboreando as reflexões partilhadas durante a festa em homenagem a nossa padroeira Santa Rita de Cássia, que nos fez refletir sobre uma economia que priorize a Vida e se aproximando das celebrações dos 100 anos da nossa amada cidade, não poderíamos nos furtar de apresentarmos as nossas preocupações, angústias e propostas quanto ao futuro de nosso município.

Enquanto Paróquia temos procurado contribuir, para a construção de um futuro bem melhor do que o presente que estamos vivenciando de medo e inseguranças, temos desenvolvidos trabalhos de conscientização, em especial com a juventude (Projeto Nova Juventude), alvo fácil deste processo de violência estabelecido em nossa cidade, temos também feito esforços de mantermos parcerias permanentes com Instituições, tais como a Defensoria Pública do Estado, Ministério Público, mantido uma relação de contato constante com o comando da Policia Militar, Policia Rodoviária, Corpo de Bombeiro, procurando contribuir com as ações desenvolvidas por estas Instituições, bem como divulgando o seu papel. Temos feitos Mutirões da Cidadania, Campanhas de conscientização ambiental, com destaque para a coleta de material plástico. Proporcionando atendimento de acupuntura gratuito através de parceria, Procurado desenvolver campanhas de inclusão e construção de cidadania através de nosso Centro Digital de Cidadania, abrindo espaço da Paróquia para a implantação da Universidade para todos, enfim, temos procurando cumprir o nosso papel enquanto discípulos missionários do Mestre da Vida. Mas temos sentido que ainda é muito pouco diante do enorme desafios que nos é apresentado. Queremos aqui lembrar um trecho de nossa quinta carta aberta que continua também muito atual, e que precisamos ainda superar: “que nenhuma “erva daninha” se infiltre e permaneça em nosso meio, provocando todos os tipos de mazelas (Fofocas, isolamento, intrigas, separação, etc), causando a desunião e desmobilização nas nossas comunidades, é preciso continuar vigilante, (Hb 12,15). É como nos diz o Documento de Aparecida: necessitamos de um novo Pentecostes em nossa Igreja.

Nos sentimos mais angustiado ainda quando diante da omissão dos poderes públicos, e da banalização da Vida, esta cidade, esta sociedade que buscamos transformar, é duramente afetada por dados que nos deixa alarmados, poderemos chegar ao centenário da cidade com um numero assustador de homicídios, já estamos perto de ultrapassar a casa dos 100 assassinatos e o mais assustador, na sua grande maioria de jovens, infelizmente ainda continuamos detendo o título de cidade mais violenta para a juventude. O que também não podemos aceitar é a utilização desta situação para fins eleitoreiros, queremos na verdade é a resolução do problema, que não é só um caso de policia, mas sim de esforço conjunto de vários segmentos da sociedade, inclusive das Igrejas, e por isto nos colocamos como atores deste processo que busca superar este quadro de violência sem precedentes em nossa cidade.

Desde as primeiras cartas de Santa Rita que as reivindicações apresentadas solicitam providências urgentes visando evitar diversos tipos de violência, estas reivindicações continuam sendo necessárias. Poderíamos retomar o teor, em especial da primeira e da segunda carta e revermos as reivindicações e propostas ali apresentadas, poderemos perceber que elas estão muito atuais. Temos que reconhecer que algumas delas já começaram a serem encaminhadas. Mas muitas delas ainda não foram atendidas, e voltamos a reividicá-las .

E mais uma vez, estamos aqui, nos colocando a disposição para continuar contribuindo nesta luta pela instalação de uma sociedade fraterna e sem violência, que só será possível quando todos compreenderem que “a violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota”, e que só conseguiremos derrota-la, juntos, unidos, somando forças e com a presença de Deus no nosso meio, como vemos na Carta aos Romanos 8,28: “e nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam. Ou no Salmo 46,2: “Deus é nosso refúgio e nossa força, um socorro sempre alerta nos perigos”

Itabuna, na Festa do  Sagrado Coração de Jesus (11/06/2010)

Conselho de Cidadania Paroquial, Grupos, Movimentos, Pastorais, Associações, Comunidades e Frades Capuchinhos da Paróquia Santa Rita de Cássia.