terça-feira, 23 de março de 2010

MOÇÃO DE APOIO E SOLIDAREIDADE A LUTA DO POVO TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA

As Entidades abaixo assinadas vêm expressar toda sua indignação com a infame campanha de criminalização contra o povo Tupinambá de Olivença e suas lideranças na justa e histórica luta pela reconquista de seu território.

Não é de agora que o povo Tupinambá sofre perseguições como esta campanha difamatória e preconceituosa que está a pleno vapor aqui no sul da Bahia, pois vem de longas datas a trajetória deste povo e as perseguições sofridas por causa da defesa de seu território, perseguições essas praticadas pela elite local e apoiadas pela conivência do Estado Brasileiro.

Quase 200 anos depois a história se repete de forma injusta contra os Tupinambá de Olivença. Num passado não muito distante a liderança Tupinambá conhecida como Caboclo Marcelino um ardoroso defensor de seu povo foi perseguido, caluniado e desaparecido “misteriosamente”, hoje também entre as varias lideranças Tupinambá que sofrem calunias e perseguição se destaca a liderança do cacique Babau da comunidade da Serra do Padeiro em Buerarema, recentemente aprisionado pela Polícia Federal e que se encontra na Superintendência da PF em Salvador. Pelo teor das acusações impostas à liderança Babau, fica patente a continuidade da carga preconceituosa que se tem no Brasil contra as populações indígenas. De novo faz-se uma inversão de valores e as vitimas são transformadas em réus.

Os Tupinambá de Olivença estão sendo considerados “invasores” de seu próprio território por aqueles que os expropriaram de forma violenta e traumática, e apesar da comprovação documental de sua imemorial posse. Assim como no passado, a atual campanha discriminatória e criminalizante em curso tem o claro objetivo de menosprezar os direitos dos Tupinambá. Incita a opinião pública contra as comunidades indígenas que lutam por seus direitos, utilizando os meios de comunicação local a serviço do poder político e econômico da região. Divulga-se uma série de mentiras e acusações contra as lideranças do povo Tupinambá de Olivença que estão mais a frente da luta.

Babau é considerado chefe de um bando, ou seja, ser liderança de uma comunidade indígena, ou quilombola é ser chefe de bando de bandidos? Se organizar em comunidade e luta por seus direitos se tornou perigoso, isto agora é considerado formação de quadrilha. Ocupar e retomar de volta suas terras, muitas delas totalmente devastadas pelo invasor, se tornou “invasão de fazendas”, e por ai vai às acusações imputadas às lideranças do Movimento Indígena, notando-se em todas elas uma total inversão de valores e uma forte carga de preconceito.

Diante deste grave contexto, solicitamos a imediata e isenta apuração dos fatos, bem como a tomada de providências urgentes que impeçam este processo de criminalização e ataques racistas à luta e às lideranças do Povo Tupinambá de Olivença, bem como a imediata liberdade do cacique Rosivaldo Ferreira. Repudiamos a distorção apresentada pelos meios de comunicação segundo a qual a sociedade do sul da Bahia festeja a prisão do cacique Babau - muito pelo contrário, esta prisão causa indignação. Repudiamos mais uma vez a ação da Polícia Federal, no tratamento dispensado as comunidades indígenas. Conclamamos todos aqueles que acreditam em uma nova sociedade possível que se somem à luta dos Tupinambá pela recuperação definitiva de seu território, reivindicando que o Estado Brasileiro confirme a demarcação desta terra indígena, efetivando os direitos constitucionais deste povo Indígena.

Itabuna, 19 de março de 2010.

- Escola Agrícola Comunitária Margarida Alves – Ilhéus – Bahia

- Associação para o Resgate Social Camacaense (ARES) – Camacan – Bahia

- Comissão Pastoral da Terra Sul e Sudoeste-(CPT)– (Itabuna- Vitória da Conquista e Caetité)

- Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) – (Itabuna e Salvador)

- Conselho Indigenista Missionário (CIMI) – Regional Leste (Bahia, Minas e Espírito Santo)

- Movimento Negro Unificado (MNU) – Itabuna - Bahia

- Conselho de Cidadania Paroquial (CCP) – Santa Rita de Cássia – Itabuna – Bahia

- Missionárias Agostinianas Recoletas – Itabuna – Bahia

- Fraternidade das Catequistas Franciscanas – Itabuna – Bahia

- Fórum de Luta por Terra, Trabalho e Cidadania da Região Cacaueira – Sul da Bahia

- Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul - CEPEDES – Bahia



- Frente de Luta e Resistência do Povo Pataxó – Extremo sul da Bahia

- Sindicato dos Bancários do Extremo sul da Bahia – Itamarajú - Bahia

- Comissão de Lideranças do Povo Pataxó Hã-Hã-Hãe – (Pau Brasil, Camacãn e Itajú do Colônia)

- Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) – Salvador

- Movimento de Trabalhadores Assentados e Acampados e Quilombolas da Bahia – CETA

- Sociedade Ambientalista da Lavoura Cacaueira (SALVA) - Mascote -Bahia

- Rede Alerta Contra o Deserto Verde – Bahia e Espírito Santo

- Pastoral da Juventude da Diocese de Itabuna –Itabuna – Bahia

- Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE – Bahia

- Centro de Desenvolvimento Agro-ecológico do Extremo Sul da Bahia – Terra Viva– Itamarajú - Bahia

- Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) – Ubatã – Bahia

- Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAÍ) – Salvador

- Organizações dos Pescadores da RESEX - Canavieiras.- Bahia

- Justiça Global – Brasil

- Associação Ação Ilhéus – Ilhéus – Bahia

- Rede de Coalizão Sustentável do Sul da Bahia

- Assembléia Popular da Bahia (AP) – Bahia

- Articulação de Políticas Pública (APP) - Bahia

- Associação Cultural e Beneficente Antonio Pereira Barbosa – ACAPEB – Gongogi – Bahia

- Núcleo de Estudos Bíblicos Pe. Luiz Lintner - Ubatã – Bahia

- Rede alerta contra o Deserto Verde de Minas Gerais

quinta-feira, 18 de março de 2010

ENTIDADES DO SUL DA BAHIA SE SOLIDARIZAM COM A COMUNIDADE DA SERRA DO PADEIRO

Diversas Entidades da Sociedade Civil Organizada da Região sul da Bahia visitaram nesta terça-feira (16/03) a comunidade da Serra do Padeiro do Povo Tupinambá de Olivença, no município de Buerarema. Cerca de 30 representantes de Pastorais da Igreja Católica, Sindicatos, ONG’s, Estudantes, Movimento Negro, Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), Escola Agrícola Comunitária Margarida Alves de Ilhéus, Associação para o Resgate Social Camacaense (ARES), Conselho de Cidadania Paroquial (CCP), Irmãs Agostinianas e Franciscanas catequistas, além de representantes do Fórum de Luta apor Terra, Trabalho e Cidadania da Região Cacaueira, que articula mais de 40 Entidades. Esta visita acontece dois dias depois da visita de lideranças dos trabalhadores rurais sem terra (14/03).

As duas visitas tiveram como objetivo prestar solidariedade e apoio à luta do povo Tupinambá pela demarcação do seu território e, sobretudo apoio e solidariedade aos familiares e à comunidade do cacique Rosivaldo Ferreira (Babau), preso de maneira irregular no último dia 10, quando teve a porta de sua casa arrombada por volta das 2:00 da manhã.

Durante a visita, todos tiveram a oportunidade de conhecer algumas áreas retomadas pela comunidade e constatar o enorme progresso alcançado pelos indígenas nas mesmas, ao comparar com as fotografias feitas quando do início das retomadas. Áreas que estavam completamente abandonadas, em intenso processo de desmatamento, hoje nas mãos de muitas famílias indígenas, produzem: roças de mandioca, banana da terra, banana da prata, cupuaçu, abacaxi, feijão, abobora, várias frutíferas, além de terem sido construídas duas grandes casas de farinhas, criação de pequenos animais, escolas, estradas bem cuidadas. Para alguns que estavam indo pela primeira vez, uma enorme surpresa e indignação, para um dos alunos da Escola Agrícola Margarida Alves: “O que a imprensa tem divulgado lá fora é totalmente o contrário do que vimos aqui, uma comunidade acolhedora e trabalhadora, que tem sido tratada como um bando de bandidos e vagabundos, isto revolta qualquer um”. Para o representante da Fase Bahia, “O que tem acontecido com os Tupinambás de Olivença é um enorme ataque premeditado e promovido por todos aqueles que defendem o atual modelo de desenvolvimento estabelecido na região, um modelo excludente e que desconsideram qualquer modelo alternativo e ai não só os índios são atacados e criminalizados, mas também os agricultores familiares são penalizados e muitas vezes ainda servem como massa de manobra daqueles que defendem este modelo. O atual modelo privilegia os grandes cultivos de monocultura como o Eucalipto, projeto como o Porto Sul, ferrovias, complexos minerários e siderúrgicos, construção de barragens e pequenas hidrelétricas ou gasodutos”.

Contra este modelo de desenvolvimento que privilegia a poucos, estão os povos indígenas, os trabalhadores rurais, tanto é que já foram chamados pelo próprio Presidente da República como um “empecilho” ao desenvolvimento. A este tipo de Desenvolvimento, perguntamos: Desenvolvimento para que? E Para quem?

Ao relatar a prisão violenta de seu irmão Babau, Magnólia se emociona, mas mantém firme a decisão da comunidade na luta pela reconquista de seu território, e para todos que ali estavam fica claro que a prisão do cacique nada mais é, que parte deste enorme processo de criminalizar as lutas dos movimentos sociais, como forma de tentar abafar ou até mesmo calar as lideranças de frente da luta. Magnólia e todos da comunidade presentes na reunião afirmam: “Que as denúncias contra o cacique Babau são mentirosas e implantadas como forma de tentar inibir a comunidade, mas que eles não conseguirão nos intimidar, pois confiamos em nossos encantados e contamos com o apoio de nossos aliados e amigos”.

Ao final do encontro as Entidades presentes plantaram mudas de frutíferas doadas pela Escola Margarida Alves, como um gesto simbólico de compromisso com a luta do Povo Tupinambá. E lançam nota de protesto ao processo de criminalização contra a luta do povo Tupinambá. Para os representantes da CPT as diversas visitas e a sua representatividade desmentem os meios de comunicação que afirmam que o sul da Bahia faz festa com a prisão do cacique Babau

Itabuna, 17 de março de 2010.

sexta-feira, 12 de março de 2010

“A criação está gemendo como em dores de parto” (Rm 8,22).

*Dom Mauro Montagnoli CSS

Queremos acompanhar os passos que estão sendo dados para a concretização do projeto Intermodal. Manifestamos nossa grande preocupação com um projeto de tal envergadura e que está sendo visto como algo já aprovado pelo poder público estadual e municipal.

Muitos questionamentos estão sendo feitos e até agora não foram devidamente esclarecidos. Qual a vantagem para a população local com este projeto? Qual o impacto ambiental que causará com os prejuízos para a fauna e a flora da região afetada? Quais as garantias de que esse projeto não vai trazer mais prejuízos e danos à região do que efetivamente os ganhos para a população: melhoria de vida, trabalho, desenvolvimento sustentável?

No Brasil, muitos projetos desse tipo têm trazido graves conseqüências tanto para as pessoas que residem na região afetada quanto para o meio ambiente, deixando um rastro de problemas para a vida da população, aumentando assim a dívida social.

É preciso levar em conta, igualmente, as considerações técnicas feitas por cientistas, o que as leis brasileiras prescrevem e as ponderações de movimentos sociais.

Queremos para a nossa região o verdadeiro desenvolvimento que respeita a vida humana e o meio ambiente; que tenha a participação efetiva das pessoas na discussão e decisão dos projetos; e garanta benefícios para elas e não só para os empreendedores.

Lamentamos que órgãos governamentais, entidades e pessoas que se dizem de acordo com esses parâmetros, os neguem na prática. Não se pode apoiar projetos que ameaçam a vida dos habitantes da região e agridem, desrespeitam e destroem o meio ambiente.

Chamamos a atenção para o que afirma a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2010: “Os processos de desenvolvimento econômico deveriam implicar em uma redistribuição de benefícios, mas deveria haver também uma partilha do poder entre os diversos atores sociais; precisariam ser ouvidos e levados em conta na hora das decisões. Mas visivelmente o país não chegou a isso e não é possível assistir passivamente à privação de direitos tão importantes” (Cf. Texto base nºs 57-58).

É grave a situação. Precisamos sensibilizar a população e esperamos que as autoridades tomem as devidas providências a fim de que não tenha início a execução do projeto antes de proporcionar reais oportunidades para que as populações implicadas possam debatê-lo, apresentar suas propostas e tenham suas considerações respeitadas.

Somos solidários ao povo que está lutando pelo respeito à sua vida e aos seus direitos e às pessoas que põem em risco a sua vida ao se colocar ao lado dos pobres que clamam: “Deus do universo, volta-te, olha do céu e vê, visita esta vinha, protege a cepa que tua mão direita plantou” (Sl 80,15-16).

* Dom Mauro Montagnoli CSS é bispo diocesano da Igreja Católica de Ilhéus.



CNBB defende mudanças urgentes no Estado brasileiro, com participação democrática

Em coletiva realizada na tarde desta quinta-feira, 11, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Lyrio Rocha e o vice-presidente, dom Luis Vieira apresentaram o novo documento aprovado pela reunião do Conselho Permanente da CNBB, intitulado “Por uma reforma do Estado com participação democrática”.



Na entrevista os bispos afirmaram, entre outros pontos, que é preciso rever o atual modelo econômico vigente que privilegia a concentração de rendas. “O atual sistema é concentrador e excludente. É necessário que encontremos um modelo de inclusão social”, declarou dom Geraldo.

Segundo o presidente da CNBB, novos agentes devem ser considerados no contexto atual de sociedade para que uma verdadeira mudança de estruturas aconteça. “Entre os novos agentes, temos a mulher, os povos indígenas, os afro-descendentes, que antes não tinham espaço nenhum e agora, com muitas lutas, vêm conquistando cada vez mais o seu lugar”, afirmou o bispo.

Afro-descendentes e povos indígenas
Ao lembrarem das lutas de afro-descendentes e povos indígenas como novos agentes do estado democrático, os bispos colocaram que, a respeito das cotas, a CNBB não pensa na ordem técnica - na porcentagem de pessoas que devem entrar nas universidades com tal sistema - mas no mérito da questão. “Os negros trazem a marca da escravidão neste país e todas as cicatrizes do sistema escravocrata, então o sistema de cotas é o mínimo que se pode fazer em relação a esse histórico”.

Dom Luis Vieira, que também é bispo de Manaus, foi questionado sobre como a CNBB avalia a atuação do estado na demarcação de terras indígenas e afirmou: “O ritmo das demarcações de terras não está como se espera. Sabemos que a terra é uma questão vital para estes povos tradicionais e há várias áreas para serem demarcadas em todo o país. Também sabemos que o governo enfrenta dificuldades, oposições no congresso, grupos econômicos...mas infelizmente não está no ritmo que queremos”.

Crises
Os bispos foram questionados sobre os casos de corrupção descobertos no Distrito Federal e Dom Geraldo foi enfático. “O fato expõe de maneira quase emblemática a fragilidade do sistema atual”, disse.  Segundo ele, se já houvesse uma reforma política, uma situação como esta não estaria acontecendo. “A reforma do Estado é urgente para que situações assim não se repitam”, considerou.

Mas, de acordo com os bispos, a crise não se resume apenas a questões econômicas ou mesmo de corrupção: “Ela é mais complexa, é algo maior. É necessário que todos repensem a crise de forma mais profunda para uma nova civilização que se desponta”, afirmou dom Luis Vieira, citando também a crise ambiental que se observa em todo o mundo.

Os bispos ressaltaram a necessidade de uma prática democrática mais significativa. “Não se pode favorecer grupos que buscam no Estado a satisfação de seus interesses particulares”, afirmaram. A CNBB defende em seu documento que “faz-se necessária uma mudança de estruturas, buscando redemocratizar o Estado, ampliando a participação popular, construindo uma Democracia participativa”. Eles citaram “práticas de esperança” que já acontecem como: os conselhos paritários, o acompanhamento do legislativo, acompanhamento de execução orçamentária, a atuação das pastorais sociais, das Comunidades Eclesiais de Base e das Semanas Sociais e campanhas que a igreja desenvolve.

Até amanhã o documento deverá ser publicado na íntegra pela CNBB.
Inserida por: Administradorfonte:  Conselho Nacional dos Bispos Brasileiros

domingo, 7 de março de 2010

ONU denuncia cinco mil crimes contra as mulheres em nome da defesa da honra

AFP - Internacional   - 04/03/2010 - 12h16


A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou nesta quinta-feira cinco mil crimes contra as mulheres, cometidos a cada ano, e ainda justificados, em todo o mundo, sob o arcabouço jurídico de "legítima defesa da honra".

"Em nome da defesa da honra da família, mulheres e meninas são mortas a tiros, apedrejadas, queimadas, enterradas vivas, estranguladas, asfixiadas e apunhaladas até a morte, num ritmo assustador", enumerou num comunicado, por ocasião das comemorações do Dia Internacional da Mulher, na próxima segunda-feira, 8 de março.

No entanto, "a maior parte desses 5.000 crimes registrados a cada ano no mundo não aparecem nos jornais, assim como as inumeráveis violências infligidas às mulheres e às meninas por seus maridos, pais, irmãos, tios ou outros homens - às vezes, até, por outras mulheres - membros da família", constatou.

As motivações desses crimes vão da violação das normas familiares ou comunitárias em matéria de comportamento sexual, à recusa a um casamento forçado, passando por pedidos de divórcio ou reclamações sobre herança, explicou a Alta Comissária.

Em alguns países, "os autores (desses crimes) podem mesmo serem tratados com admiração", indignou-se Navi Pillay que insiste na denúncia das violências cometidas na própria família.

Estima-se que uma mulher em cada grupo de três no mundo é agredida, violentada ou vítima de outras espécies de abusos durante sua vida. E esses atos são cometidos, na maioria das vezes, na família", destacou.

Embora "o principal motivo alegado pelas mulheres (vítimas) para explicar por que não renunciam a uma relação violenta seja a falta de autonomia financeira (...), a violência doméstica também está em alta em países onde as mulheres atingiram um alto grau de independência econômica", segundo Navi Pillay.

"Conhece-se bem os casos de mulheres que são empresárias brilhantes, parlamentares, advogadas, médicas, jornalistas e universitárias que levam uma vida dupla: aplaudidas pelo público e vítimas de abusos em casa", explicou.

Em mensagem para o Dia Internacional da Mulher, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um apelo vibrante por direitos e oportunidades iguais aos dos homens, para o sexo feminino, através do mundo.

As Nações Unidas realizam desde segunda-feira a 54ª sessão da Comissão da ONU sobre o estatuto da mulher que, durante toda a semana, analisa o cumprimento dos compromissos assumidos mundialmente sobre igualdade de gênero.

Quinze anos após o apelo à igualdade dos sexos, durante a Conferência Internacional de Pequim sobre as mulheres, realizada em 1995, Ban Ki-moon lamentou que "a injustiça e a discriminação das mulheres persistam."

Qualificou a autonomia das mulheres de "imperativo econômico e social", lembrando que a declaração de Pequim havia "permitido enviar às mulheres e meninas, através do mundo, mensagem clara, segundo a qual a igualdade de oportunidades é um direito inalienável.

Admitindo que as Nações Unidas devam dar o exemplo, exortou a Assembleia Geral da ONU a concluir os preparativos para a criação, "no seio da estrutura da organização, de uma entidade dinâmica encarregada da igualdade de sexos e da autonomia das mulheres".

Em setembro passado, a Assembleia havia aceitado a criação, no seio da ONU, de um novo departamento que reuniria sob sua administração as atividades de vários órgãos já existentes relativos a questões que dizem respeito às mulheres.

A nova entidade deve ter um orçamento próprio e ser dirigida por uma mulher, no cargo de secretária-geral adjunta, sob a autoridade direta de Ban Ki-moon. As modalidades técnicas e orçamentárias deste cargo devem ainda ser definidas e aprovadas.

Várias mulheres de renome, entre elas a presidente do Chile, Michelle Bachelet, que conclui o mandato ainda neste mês, são apresentadas como sendo candidatas potenciais ao cargo

quarta-feira, 3 de março de 2010

VOCÊ PODE AJUDAR A SALVAR VIDAS


Uma parceria entre o Conselho de Cidadania Paroquial da Igreja Santa Rita de Cássia, na Diocese de Itabuna no sul da Bahia e a Santa Casa de Misericória de Itabuna, através do seu Núcleo de Hemoterapia, realizará no dia 13 de Março de 2010, nas dependência da Igreja Santa Rita de Cássia localizada no Bairro São Caetano uma campanha de Doação de Sangue que terá inicio as 8:00 horas da manhã e se estenderá até ás 16:30h.  

(Requisitos básicos para doação)

- Ter  entre 18 e 65 anos;
- Pesar igual ou acima de 50kg;
- Estar alimentado, e evitar alimentos gordurosos;
- Não ter  comportamento de risco DST/AIDS;
- Ser saudável;
- Comparecer com documento de identidade.

Fatores que impedem a doação:

- Quem teve ou tem hepatite ou doença de chagas;
- Quem tem malária ou síflis;
- Homens ou mulheres com  múltiplos (as) parceiros (as) sexuais, que pratiqu sexo sem preservativos;
- Pessoas que compatilham seringa para uso de drogas injetáveis;
-Parceiros sexuais de pessoas infectadas pelo H.I.V. ou enfermos de AIDS;
- Pessoas com história prévia, recente de D.S.T (Doenças sexualmente Transmissível);
- Ter ingerido bebida alcoólica no dia da doação.

Sua doação pode salvar vidas! Fale para seus amigos sobre a importância de doar sangue. Multiplique esta idéia.
Qualquer duvida, ligue para (73) 3214-9126 ou adicione o msn: salvandovidas_ios@hotmail.com
Procure informações em sua cidade e salve vide fazendo sua doação.

terça-feira, 2 de março de 2010

Dom Erwin Kräutler rebate crítica do Ibama à nota da CNBB contra a construção de Belo Monte

É direito do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) reagir à nota da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em que a entidade se posiciona contra o projeto Belo Monte. Projeto que, oficialmente, até o momento, só foi apresentado de modo unilateral, como se apenas vantagens trouxesse. No entanto, eu esperava que o Ibama reagisse com mais sinceridade e serenidade. Apelar para as quatro audiências e afirmar em alto e bom som que com isso cumpriu os parâmetros legais é querer tapar o sol com a peneira e defender o indefensável. As quatro audiências não passaram de encenações mal feitas. O argumento de que oito mil pessoas participaram não se sustenta, nem sequer acrescentando aos presentes nos diversos locais o exagerado número de policiais militares que foram acionados para "manter a ordem", quando na realidade estavam lá para intimidar os que se opõem ao Belo Monte.

Os que rejeitam Belo Monte jamais optaram pela violência. As ameaças sempre partiram dos defensores do projeto, os membros do consórcio Belo Monte, que, já em junho de 2006, gritaram da altura de seus palanques em bom e alto som: "É guerra" e "Temos que baixar o cacete!". Sem falar ainda da prepotência e
arrogância tão ostensivamente manifestadas contra os que não rezam por sua cartilha.

Nós havíamos exigido e continuamos a exigir que os povos indígenas e ribeirinhos e a comunidade das cidades de Altamira, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio, Anapu e Porto de Moz sejam ouvidos sem constrangimentos e cerceamento de sua liberdade através de um policiamento ostensivo. Que sejam ouvidos nos lugares onde realmente vivem e residem, nas suas aldeias, na Volta Grande do Xingu, nas cidades, nos bairros de Altamira que serão atingidos pela inundação e nas regiões de programada e irreversível deterioração do solo.

Propusemos 27 audiências. Foram feitas apenas quatro para cumprir um ritual preestabelecido. O povo, que será gravemente impactado, não foi ouvido como mereceria, nem teve acesso às audiências por causa das distâncias que deveria vencer para chegar aos lugares determinados pelo Ibama, ou simplesmente não teve condições de se expressar.

Erwin Kräutler

Bispo do Xingu

Presidente do CIMI