Em coletiva realizada na tarde desta quinta-feira, 11, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Lyrio Rocha e o vice-presidente, dom Luis Vieira apresentaram o novo documento aprovado pela reunião do Conselho Permanente da CNBB, intitulado “Por uma reforma do Estado com participação democrática”. Na entrevista os bispos afirmaram, entre outros pontos, que é preciso rever o atual modelo econômico vigente que privilegia a concentração de rendas. “O atual sistema é concentrador e excludente. É necessário que encontremos um modelo de inclusão social”, declarou dom Geraldo. Segundo o presidente da CNBB, novos agentes devem ser considerados no contexto atual de sociedade para que uma verdadeira mudança de estruturas aconteça. “Entre os novos agentes, temos a mulher, os povos indígenas, os afro-descendentes, que antes não tinham espaço nenhum e agora, com muitas lutas, vêm conquistando cada vez mais o seu lugar”, afirmou o bispo. Afro-descendentes e povos indígenas Ao lembrarem das lutas de afro-descendentes e povos indígenas como novos agentes do estado democrático, os bispos colocaram que, a respeito das cotas, a CNBB não pensa na ordem técnica - na porcentagem de pessoas que devem entrar nas universidades com tal sistema - mas no mérito da questão. “Os negros trazem a marca da escravidão neste país e todas as cicatrizes do sistema escravocrata, então o sistema de cotas é o mínimo que se pode fazer em relação a esse histórico”. Dom Luis Vieira, que também é bispo de Manaus, foi questionado sobre como a CNBB avalia a atuação do estado na demarcação de terras indígenas e afirmou: “O ritmo das demarcações de terras não está como se espera. Sabemos que a terra é uma questão vital para estes povos tradicionais e há várias áreas para serem demarcadas em todo o país. Também sabemos que o governo enfrenta dificuldades, oposições no congresso, grupos econômicos...mas infelizmente não está no ritmo que queremos”. Crises Os bispos foram questionados sobre os casos de corrupção descobertos no Distrito Federal e Dom Geraldo foi enfático. “O fato expõe de maneira quase emblemática a fragilidade do sistema atual”, disse. Segundo ele, se já houvesse uma reforma política, uma situação como esta não estaria acontecendo. “A reforma do Estado é urgente para que situações assim não se repitam”, considerou. Mas, de acordo com os bispos, a crise não se resume apenas a questões econômicas ou mesmo de corrupção: “Ela é mais complexa, é algo maior. É necessário que todos repensem a crise de forma mais profunda para uma nova civilização que se desponta”, afirmou dom Luis Vieira, citando também a crise ambiental que se observa em todo o mundo. Os bispos ressaltaram a necessidade de uma prática democrática mais significativa. “Não se pode favorecer grupos que buscam no Estado a satisfação de seus interesses particulares”, afirmaram. A CNBB defende em seu documento que “faz-se necessária uma mudança de estruturas, buscando redemocratizar o Estado, ampliando a participação popular, construindo uma Democracia participativa”. Eles citaram “práticas de esperança” que já acontecem como: os conselhos paritários, o acompanhamento do legislativo, acompanhamento de execução orçamentária, a atuação das pastorais sociais, das Comunidades Eclesiais de Base e das Semanas Sociais e campanhas que a igreja desenvolve. Até amanhã o documento deverá ser publicado na íntegra pela CNBB. | ||
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sexta-feira, 12 de março de 2010
CNBB defende mudanças urgentes no Estado brasileiro, com participação democrática
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